Sou só eu ou vocês também tem um pouco de vergonha de assumir que gostam e assistem algumas séries adolescentes?
Acho que parte do meu preconceito é assumir que as séries teen são todas rasas e um tanto clichês, com o mesmo padrão de estudantes: os jogadores de esportes e as cheerleaders sendo bonitos, populares e não muito inteligentes em oposição aos adolescentes comuns, os nerds, e os que tocam em bandas (que vamos combinar, não tem muito a ver com a realidade brasileira).
Só que, tenho que confessar: tem muita série adolescente bacana por aí, daquelas pra família inteira assistir! Até porque um dos grandes conflitos dessa fase são os desentendimentos e as rupturas com os pais. A sensação de não ser compreendido por eles e a busca contínua por entender quem é e onde se encaixar.
Algumas séries abordam essas experiências de uma forma muito bacana, nos ajudando a relembrar como foi a nossa adolescência e a ter mais empatia por esses pobres seres que estão passando por essa fase tão difícil e espinhenta!
Vou compartilhar com vocês o meu top 3 de séries adolescentes da Netflix: Sex Education, Eu Nunca... e Atypical.
Sex Education já deu muito o que falar e certamente furou a bolha. A terceira temporada estreia logo mais, dia 17 de setembro! Essa série veio pra quebrar tabus e falar sobre a descoberta da sexualidade, sobre as primeiras relações sexuais e de toda a insegurança e curiosidade envolvida.
Pra quem não conhece, a série acompanha Otis, um garoto tímido e inseguro, que apesar de ser virgem, sabe dar conselhos sobre sexo porque sua mãe é uma terapeuta sexual. Maeve, uma colega descolada e um tanto rebelde, vê a oportunidade de ganhar alguma coisa com isso e juntos eles montam uma "clínica" de aconselhamento sexual na escola.
Eu adoro que, apesar da mãe de Otis falar abertamente sobre o assunto e tratar a sexualidade de forma natural dentro de casa, não impede que Otis se sinta travado e envergonhado de conversar sobre esse assunto com ela. Acho que a maioria se identifica, né?
Eu Nunca... foi uma série que comecei a assistir pelo humor proposto no trailer, mas com receio de que fosse como naqueles filmes em que todas as partes boas estavam no trailer e você acaba decepcionado quando assiste tudo, sentindo que foi uma perda de tempo. Mas isso não aconteceu. Pelo contrário, entregou muito.
A série gira em torno de Devi, uma menina de origem indiana que está tentando aproveitar os últimos anos da escola e ter as experiências de um típico adolescente norte-americano. Essa comédia foi criada por Mindy Kaling (atriz famosa pelo personagem de Kelly Kapoor em The Office), baseada na sua própria história de vida crescendo na área de Boston.
Devi e suas amigas são as "nerds" da escola com nenhuma experiência amorosa, querendo mudar suas realidades e se encaixar. Eles abordam as diferenças culturais, a religiosidade e os valores da família da Devi e colocam em contraste com a cultura dos amigos e colegas. Acredito que muitas pessoas que tiveram uma educação mais rígida e conservadora vão se identificar com as personagens, assim como eu!
Os erros, as desavenças, as competições e os dramas adolescentes são explorados com muita sensibilidade, leveza e bom humor!! Vale muito a pena ver. É uma série curta, de duas temporada - renovada para a terceira - com 10 episódios cada e com duração de 20-30 minutos.
Atypical também é uma série super agradável e curtinha. Encerrou esse ano, fechando 4 temporadas de 10 episódios (com exceção da primeira), com duração entre 30-40 minutos. Na minha opinião encerrou em um bom momento, não faria muito sentido alongar mais a história.
Essa série tem como protagonista o Sam, que está no espectro autista e suas relações familiares e de amizade. Apesar da série ser centrada nas descobertas pessoais de Sam, os demais personagens vão ganhando espaço e suas histórias se desenvolvem, em especial sua irmã Casey. É lindo de acompanhar. Cada um, do seu jeito particular e torto, conquistam nosso carinho. Tratam de assuntos delicados com muita leveza e muito respeito.
Uma curiosidade de Atypical é que os desenhos feitos pelo personagem do Sam, que frequentemente são uma ferramente utilizada por ele para se expressar, foram feitos a partir da segunda temporada pelo artista de Los Angeles Michael Richey White, que está no espectro também. Você pode conhecer mais sobre ele nessa reportagem do LA Times.
Acho importante ressaltar que as minhas opiniões sobre a série refletem uma percepção leiga sobre pessoas que estão no espectro autista. No entanto, Sarah Kurchak, uma escritora autista, escreveu uma dura crítica na revista Time falando sobre má representação de uma pessoa autista, a falta de autistas no elenco e na criação e produção da série, e como a série desperdiçou uma grande oportunidade de fazer um entretenimento informativo.
Sarah fez críticas muito importantes e espero que produções futuras consigam abordar de forma mais fidedigna as diversidades que existem no mundo para que possamos quebrar preconceitos e para que todas as pessoas se sintam representadas.
Mas não desanime... ainda acho que vale a pena assistir! Ela traz um quentinho no coração e sou da opinião que não estamos podendo desperdiçar esse sentimento nessa realidade tão dura que vivemos.
Preparem as pipocas e divirtam-se!
Se você tem outras séries favoritas, eu adoro receber indicações!!! Escreve aqui embaixo nos comentários!!