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Foto do escritorIsadora B. Esperandio

A obsolescência dos brinquedos

Atualizado: 5 de ago. de 2021


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Já está mais do que comprovado que pra sobrevivermos como sociedade, com a qualidade de vida que temos, precisamos mudar os nossos hábitos de consumo. Não podemos mais consumir dessa forma excessiva, reativa e irresponsável. No post 6 perguntas para fazer antes de comprar eu apresento este roteiro que o Instituto Akatu preparou pra você consumir de forma mais sustentável.

Nesse artigo, eu quero destacar duas características importantes na hora de comprar brinquedos (e diversos outros itens!) e que se relacionam principalmente com as perguntas "o que comprar?" e "como descartar?". Elas são a durabilidade e a temporalidade.

Quando falamos em durabilidade, nos referimos à qualidade do material do produto. Mais de 90% dos brinquedos produzidos são de plástico. Existe plástico de diversas qualidades, mas esse material foi desenvolvido para durar! Sabemos que na natureza, ele demora em média quatrocentos anos pra se decompor, mas isso não quer dizer que o brinquedo em si terá uma durabilidade longa. O que acontece quando quebra um brinquedo de plástico? Você consegue unir as partes? Quanto tempo a mais de vida útil esse conserto oferece? As partes do brinquedo quebrado ainda são aproveitáveis?

Produtos criados intencionalmente com baixa vida útil em função de sua qualidade fazem parte de uma estratégia amplamente utilizada em diversos tipos de indústria: a obsolescência programada. São criados dessa forma para que você substitua por um novo em um curto período de tempo. Podemos pensar em alguns materiais alternativos, como madeira e têxteis. Brinquedos de madeira possuem altíssima durabilidade, dificilmente sofrem danos, além de ser um material natural, portanto biodegradável. Brinquedos com materiais têxteis, sejam tecidos ou linhas, costumam ter uma boa durabilidade também e são facilmente reparados. Os brinquedos de crochê, por exemplo, podem além de ser reparados, serem desmanchados e seu material reaproveitado (isso me lembrou esse filme de curta-metragem lindíssimo sobre amor onde os personagens são amigurumis).

A característica temporalidade é muito pouco discutida. Vejo essa discussão mais presente na moda, mas é perfeitamente aplicável aqui. Já que pensamos em brinquedos duráveis, devemos pensar também na sua temporalidade, pra que ele seja passado para uma nova criança quando a anterior não utilizá-lo mais. Para que esse ciclo se estenda ao máximo da vida útil do produto, ele deve ser atemporal. Produtos que remetem a personagens ou a ícones da "moda" perdem sentido e se tornam desinteressantes e não atraentes com o passar do tempo. Gosto de pensar: será que as crianças nascidas na década de 2010 se interessariam pelos brinquedos das crianças da década de 1980, por exemplo? Quais brinquedos atravessariam gerações? A obsolescência perceptiva é um tipo de estratégia baseada na desejabilidade do produto, na desvalorização prematura do ponto de vista emocional.

Já pensou sobre isso? Eu penso sempre e é por isso que aqui, no Cara de Tatu, os brinquedos feitos de crochê são planejados tendo esses fatores em mente! Além de abarcar estas características, ter produtos que representam outras espécies da natureza, animais e plantas, visa desenvolver uma relação respeitosa com os outros seres e com o meio em que estamos inseridos.

Pra finalizar, recomendo que você dê uma conferida no artigo que fala sobre outros problemas relacionados ao brinquedo de plástico e também no artigo que apresento algumas alternativas à esses brinquedos!

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