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Foto do escritorIsadora B. Esperandio

Alimentação na infância

Atualizado: 7 de jul. de 2022

Está escrito no Guia Alimentar para a População Brasileira: a alimentação é um elemento social e cultural. E está fortemente associado ao sentimento de identidade e pertencimento que sabemos ser tão importante durante a infância e adolescência.


criança comendo ovo de páscoa chocolate infância alimentação açúcar

Defendemos aqui uma alimentação saudável, com comida de verdade. É importante, na medida do possível de cada realidade familiar, o consumo de alimentos mais naturais, nutritivos, orgânicos e sustentáveis.


Mas uma alimentação saudável inclui fatores que vão além do valor nutricional das comidas e como elas alimentam o seu corpo. Também é importante falar do que alimenta a nossa mente, num sentido menos físico e mais sensorial.


Somos seres sociais e a cultura faz parte da nossa alimentação. Ter uma alimentação saudável não significa demonizar um brigadeiro, uma coxinha, um pastel de feira (até babei aqui!). Significa saber que existe ocasião pra tudo, significa equilíbrio!

É muito legal quando a criança se interessa genuinamente por comer brócolis no almoço, ou prefere comer uma fruta em vez de uma bolacha recheada. Especialmente por estarmos travando uma luta mundial contra a obesidade infantil decorrente de publicidade massiva de produtos ultraprocessados e fast food (exemplo clássico de associação de lanches com brinquedos).


O cenário ainda é bastante preocupante: no Brasil, entre as crianças acompanhadas na Atenção Primária à Saúde do SUS em 2019, 14,8% dos menores de 5 anos e 28,1% das crianças entre 5 e 9 anos tinham excesso de peso. Destas, 7% e 13,2% apresentavam obesidade.


Ainda em 2019, 5% das crianças com idade entre 5 e 10 anos foram classificadas com obesidade grave (dados do Ministério da Saúde). E a obesidade infantil reflete na fase adulta: estudos mostram que só 5% das crianças com peso saudável ficarão obesas no futuro, mas 79% das crianças obesas se tornarão adultos obesos (Ask the Doctor - temporada 01, episódio 01 - disponível na Netflix). Porém, a proibição de alimentos é algo muito perigoso!


A nutricionista Camila Lafetá defende que se utilize uma linguagem neutra quando falamos de alimentação. É muito comum usarmos expressões como "isso é porcaria", "isso é gordice", "isso é saudável", "isso pode", "isso não pode" e acabamos criando mitos e regras erradas.


Dietas restritivas nunca são interessantes porque a proibição muito frequentemente pode levar à obsessão. E as obsessões podem levar à obesidade ou a transtornos alimentares como a anorexia (dois extremos de um mesmo problema).


"Tratar os alimentos de forma neutra, sem julgamento moral em cima de comida, é um dos maiores fatores ambiente protetores que você pode oferecer pro seu filho." Camila Lafetá

A restrição de carboidratos, frequente em muitas dietas, cortando por exemplo a farinha branca, pães e similares, traz um subdesenvolvimento do cérebro - que está em processo de maturação até os 20 e poucos anos - podendo desencadear em problemas a longo prazo!


Essa subnutrição faz com que o cérebro cresça em um ritmo mais lento, gerando um déficit de crescimento. Como consequência, pode haver o atraso da puberdade e a falta de gordura corporal pra produzir hormônios sexuais para desenvolver caracteres sexuais secundários.


Para meninas, o atraso na menarca pode ter implicações na saúde reprodutiva no futuro. Crianças que tiveram anorexia podem ter déficit de massa cerebral. Mesmo após intervenção e tratamento, a recomposição da massa cerebral é lenta, podendo levar anos e em situações extremas não ser suficiente, além de possíveis problemas de funcionalidade, aprendizado, amadurecimento cognitivo e emocional.

Sabemos que a alimentação é altamente associada com a autoimagem. Mas talvez ainda não tenhamos percebido que muitos cuidadores acabam passando seus problemas com relação à alimentação adiante pra família. Qual a sua relação com seu corpo? A criança observa e entende o seu descontentamento, e provavelmente irá reproduzi-lo.


É importante salientar que quando falamos em distúrbios alimentares, associamos automaticamente à meninas. Mas um menino pra cada 4 meninas também sofre de distúrbios alimentares, muitas vezes não diagnosticado.


Questões com o corpo e com a comida estão aparecendo cada vez mais cedo. Segundo pesquisa australiana, 38% das meninas de 4 anos se sentem insatisfeitas com seus corpos. Então, fique atento a sinais pré-transtorno alimentar, a dificuldades na alimentação e desenvolvimento e não tenha medo de buscar um especialista no assunto.


Às vezes o pediatra ou o nutricionista generalista não vai conseguir abordar com o cuidado necessário de um especialista em transtorno alimentar para ter uma prevenção eficiente. Também não evite buscar ajuda de um terapeuta: questões alimentares são altamente associadas com questões emocionais e de autoimagem.

E caso você se sinta culpado por passar suas questões alimentares para a criança, lembre-se: se não fez propositalmente, não existe culpa. Repense e melhore daqui pra frente. Não precisa ser perfeito. As crianças aprendem com erros.


Fonte: Podcast Não Conto Calorias, episódio Mamãe Fitness, da nutricionista Marina Nogueira, com participação da nutricionista Camila Lafetá.


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