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Foto do escritorIsadora B. Esperandio

Por que e como estimular a percepção tátil

Atualizado: 5 de ago. de 2021


A utilização dos nossos sentidos nas atividades do dia a dia são tão basais e intrínsecas que se tornam inconscientes. Muitas vezes não nos damos conta de sua importância e não percebemos que outros indivíduos podem processar e experimentar o mundo de forma diferente. Da mesma forma esquecemos (ou até nunca soubemos) que os nossos sentidos, seus processamentos e sua integração com o sistema nervoso vão sendo desenvolvidos ao longo da infância e que, portanto, muitos estímulos do mundo passam desapercebidos por nós, mas são novos e impactantes para as crianças.

Os nossos sentidos são a nossa forma de perceber o mundo e de nos situar nele. Vivemos em resposta aos estímulos sensoriais que recebemos. O processamento e integração sensorial são a base do nosso desenvolvimento motor, cognitivo, social e emocional! O tato é um sentido muito importante: ele nos fornece informações de mecânicas (tato e de posição corporal), informações térmicas (frio e calor) e informações de dor (quando um tecido como a pele é lesionado). Além disso, diferente dos outros sentidos, os nossos receptores táteis estão espalhados por todo o corpo na nossa pele.

Conforme experimentamos coisas aos longo da nossa vida, vamos criando um repertório de informações que associam as sensações do toque com objetos e elementos. Vamos reconhecendo coisas macias, duras, ásperas, aveludadas, rígidas, flexíveis, formas arredondadas, pontiagudas, secas, úmidas, pegajosas, oleosas, lisas, irregulares, quentes, frias, mornas, e por aí vai.

Pra você perceber a importância do tato na nossa rotina, imagine as seguintes situações:

  • Achar a chave no fundo de uma bolsa ou mochila;

  • Abotoar ou fechar um zíper nas costas;

  • Prender o cabelo num rabo de cavalo sem olhar no espelho;

  • Beber um copo de água no escuro;

  • Fazer qualquer coisa de luva;

  • Separar a semente da bergamota dentro da boca, enquanto está comendo;

  • Limpar a própria bunda!

Como você realizaria essas atividades de sua sensação ao toque não ajudasse tanto? Quanto tempo levaria para realizá-las se tivesse que parar e olhar para tudo, ou se você tivesse que pensar sobre tudo o que fosse fazer com as mãos.

Se o processamento e integração sensorial são a base para o desenvolvimento de todas as funções humanas, como enriquecer as experiências de percepção tátil da criança? Aqui vão algumas sugestões:

  • Ofereça brinquedos de formatos e materiais diferentes, não se limite ao plástico (sugestões aqui).

  • Leve a brincadeira para ambientes diferentes: na grama, na areia, na terra, no cimento, no azulejo, no tapete, etc.

  • Brinque de esconder e encontrar objetos escondidos no feijão ou arroz. Se quiser elaborar mais a brincadeira, crie caixas sensoriais. Ensinamos em um artigo (clique aqui) como criar a caixa sensorial com o tema fundo do mar.

  • Mostre pra criança texturas diferentes, nomeando-as e deixe-a experimentar e brincar com elas. Lembre-se que essas percepções não são possíveis apenas com as mãos, mas em toda extensão da pele.

  • Desenhe nas costas das mãos da criança uma forma geométrica, uma letra ou um número e peça pra ela tentar adivinhar. Você pode usar algum material pra que ela possa conferir o desenho, como espuma de banho, tinta, etc.

  • Crie jogos pra que ela descreva uma sensação sem olhar, pode ser algo simples como frio, molhado, grudento, duro, pontiagudo, etc.

  • Crie uma caixa cega pra que a criança identifique um objeto apenas com o toque (em breve terá um artigo ensinando como fazer).

  • Leve a criança pra cozinha e permita que ela faça ou ajude a fazer receitas que utilize as mãos! Veja aqui algumas sugestões de receitas com pasta de amendoim e aqui a receita de como fazer massinha de modelar caseira!

Observe sua criança brincando e as respostas dela aos estímulos. Caso você perceba algum tipo de hipersensibilidade ou hipossensibilidade, alguma intolerância a textura de um material ou de uma comida, ou que algum estímulo leve a situações de estresse e angústia, converse com seu pediatra de confiança ou procure um terapeuta ocupacional.

Compartilhe esse artigo pra um amigo ou amiga que tem uma criança em casa e que possa se beneficiar com essas informações!

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