O Dia das Crianças não nasceu consumista. É assim que inicia o Manifesto Dia das Crianças (leia na íntegra), proposto pela organização Criança e Consumo. Neste manifesto, eles resgatam a origem do Dia das Crianças, em 1924 no governo do presidente Getúlio Vargas: “Constituirá objetivo principal dessa comemoração avivar na opinião pública a consciência da necessidade de ser dada a mais vigilante e extensa proteção à maternidade, à infância e à adolescência.” Eles seguem argumentando sobre o quão distorcida e deturpada esta data foi. Ao invés de nos dedicarmos a proteger estas crianças, fizemos delas alvo, um alvo muito vulnerável inclusive, de publicidades e de consumismo. Fomos ensinando nossas crianças desde muito pequenas a serem clientes. Em vez de ensinarmos a serem cidadãos, ensinamos a serem consumidores.
Existem diversos motivos pelo qual precisamos rever nossos hábitos de consumo, desde em âmbito de realização pessoal até no âmbito de sobrevivência da espécie humana - algo que eu venho abordando aos poucos e por diversas perspectivas aqui no site. E precisamos parar pra pensar que mensagem estamos passando para as nossas crianças. Elas são extremamente observadoras e aprendem através do exemplo. Como você age nestas datas comemorativas? Quais valores você ressalta? Não acho que presentear seja um problema. Mas o que presentear, como e por que? E se você optar por presentear, que tal tirar um pouco o foco do produto em si? Que tal transformar este ato em uma grande brincadeira, como um caça ao tesouro?
Isso porque o melhor presente que você pode dar pra sua criança é a presença. Mas não só física, uma presença ATENTA. A atenção e o tempo que você despende para cada atividade é o seu bem mais valioso (isso ficou escancarado pra quem assistiu o documentário O Dilema das Redes). Uma frase muito marcante neste documentário é do jornalista Andy Lewis, “Se você não está pagando pelo produto, então você é o produto”. A nossa atenção está sendo disputada e vendida, e as redes sociais e telas são ótimas armadilhas pra nos prender ali. Conecte-se com sua criança e libere a criança que existe dentro de você. Resgate suas memórias de infância, relembre o que você mais gostava de fazer, proponha essas atividades.
Ou então, passe o controle (não tô falando do controle remoto) pra criança, deixe ela definir as atividades e entre na onda! Quem sabe vocês acabam indo pra cozinha preparar o lanche preferido, ou "comendo" aquela refeição deliciosa de terra com pedras e umas graminhas. Quem sabe vocês criem fantasias com as roupas do armário, talvez role até um desfile de moda ou encenação de um teatro. Quem sabe vocês montem um acampamento na sala ou no quintal. Ou explorem o jardim em busca de insetos ou resolvam fazer um experimento científico. Talvez resgatem um jogo ou um brinquedo que estava esquecido no fundo do armário. Ou criem brinquedos novos com sucatas e coisas que não servem mais. Leiam livros, contem histórias, inventem histórias!
São infinitas possibilidades, e uma certeza: a criação de uma linda memória!
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